segunda-feira, 18 de maio de 2020

A Literatura de Savador - Bahia

Nestes dias 17 e 18 de Maio temos dois grandes nomes da Literatura Brasileira para homenagear.

Zélia Gattai

Foto: Academia Brasileira de Letras

Zélia Gattai Amado de Faria foi uma escritora, fotógrafa e memorialista (como ela mesma preferia denominar-se) brasileira, tendo também sido expoente da militância política nacional durante quase toda a sua longa vida, da qual partilhou cinquenta e seis anos casada com o também escritor Jorge Amado, em Salvador, até sua morte.

Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estreia, Anarquistas, graças a Deus, ao completar vinte anos da primeira edição, já contava mais de duzentos mil exemplares vendidos no Brasil.

Imagem: Internet.

Publicado em 1979, Anarquistas, graças a Deus é o livro de estreia de Zélia Gattai e seu primeiro grande sucesso.
Filha de anarquistas chegados de Florença, por parte do pai Ernesto, e de católicos originários do Vêneto, da parte da mãe Angelina, a escritora trazia no sangue o calor de seus livros. Trinta e quatro anos depois de se casar com Jorge Amado, a sempre apaixonada Zélia abandona a posição de coadjuvante no mundo literário e experimenta a própria voz para contar a saga de sua família.

É assim que ficamos conhecendo a intrépida aventura dos imigrantes italianos em busca da terra de sonhos, e o percurso interior da pequena Zélia na capital paulista - uma menina para quem a vida, mesmo nos momentos mais adversos ou indecifráveis, nunca perdeu o encanto. A determinação de seu Ernesto e a paixão pelos automóveis, a convivência diária com os irmãos e dona Angelina, os sábios conselhos da babá Maria Negra, as idas ao cinema, ao circo e à escola, as viagens em grupo, o avanço da cidade e da política - nestas crônicas familiares, vida e imaginação se embaralham, tendo como pano de fundo um Brasil que se moderniza sem, contudo, perder a magia.

Exímia contadora de histórias, Zélia as transforma em instrumento privilegiado para o resgate da memória afetiva. Foi Jorge Amado quem, um dia, lendo um conto de qualidade duvidosa que Zélia rascunhava, pescou essa veia de documental. Apontou-lhe o caminho e mostrou que ela se alimentava de sua rica ascendência familiar. Surge assim a Zélia memorialista, para quem a literatura provém não tanto da invenção, mas do trato apurado da memória e do desfiar cuidadoso, mas sem melindres, da intimidade.

Em suas mãos, a literatura se torna, mais que confissão, auscultação do mundo. É tendência para o registro e o testemunho, que cimentam não só um estilo quase clínico de observar a existência, mas uma maneira de existir. Pois é da persistência do espanto que Zélia, em resumo, trata. Se Jorge Amado foi uma espécie de biógrafo involuntário do Brasil, Zélia Gattai se afirma como a grande narradora de nossa história sentimental.

Texto disponível em:  https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12741


Imagem: Lp Som Livre. Rede globo.

Anarquistas, Graças a Deus é também uma minissérie brasileira homônima, produzida e exibida pela Rede Globo entre 7 de maio e 17 de maio de 1984. 
Através das lembranças da menina Zélia, desenrola-se o cotidiano da família Gattai, imigrantes italianos que vieram para o Brasil perseguindo o sonho da Colônia Santa Cecília, reduto anarquista, e que viveram em São Paulo nos anos 10 e 20, acompanhando o crescimento da cidade. A relação amorosa com os pais Ernesto e Angelina, e o convívio com a empregada Maria Negra, o Nonno, e os quatro irmãos mais velhos: Remo, Vanda, Vera e Tito.


Dias Gomes

Foto: Arquivo Nacional.

Alfredo de Freitas Dias Gomes, mais conhecido pelo sobrenome Dias Gomes foi um romancista, dramaturgo, autor de telenovelas e membro da Academia Brasileira de Letras.


 
Imagem: Internet.




O Pagador de Promessas é uma peça de teatro escrita por Dias Gomes, encenada pela primeira vez em São Paulo pelo TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) no ano de 1960. A peça é dividida em três atos, sendo que os dois primeiros ainda são subdivididos em dois quadros cada um. 
A história se passa na cidade de Salvador, já em processo de modernização. O personagem principal, o sertanejo Zé-do-Burro, deseja levar uma grande cruz até o interior da Igreja de Santa Bárbara para pagar uma promessa e, ao longo do trajeto, sofre com as mentiras, com a corrupção e com a ganância da sociedade. É importante destacar o teor crítico e político trazido pela obra, além da discussão do respeito às diferentes religiões praticadas no Brasil.


A peça inspirou um filme homônimo, de 1962, que venceu o prêmio Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Imagem: Divulgação.

Também foi inspirada na peça de Dias Gomes a minissérie homônima da Rede Globo no ano de 1988.  Concebida em 12 capítulos, a história teve que ser reeditada por imposição da Censura, e acabou sendo exibida em apenas oito capítulos. As referências políticas, as menções das lutas dos sem-terra e posseiros e a reforma agrária foram suprimidas, tirando o gênese da personagem.

 Imagem: Rede Globo.

Saudamos estes dois grandes autores brasileiros, cuja vida se deu especialmente em Salvador, cidade que nos presenteia com grandes literatos e grande literatura.

E você?
Leu Zélia Gattai?
Leu Dias Gomes? 



Um comentário:

  1. Conheço a literatura de Zélia Gattai e acho ela divina, permeada por emoções, essa característica é, provavelmente, advinda da habilidade com a qual ela transportava sua origem em suas obras.
    Referente a Dias Gomes, conheço "O Pagador de Promessas" em todas as formas que a obra se revelou.

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