Nestes dias 17 e 18 de Maio temos dois grandes nomes da Literatura Brasileira para homenagear.
Zélia Gattai
Foto: Academia Brasileira de Letras
Zélia Gattai Amado de Faria foi uma escritora, fotógrafa e memorialista
(como ela mesma preferia denominar-se) brasileira, tendo também sido
expoente da militância política nacional durante quase toda a sua longa
vida, da qual partilhou cinquenta e seis anos casada com o também
escritor Jorge Amado, em Salvador, até sua morte.
Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estreia, Anarquistas, graças a Deus,
ao completar vinte anos da primeira edição, já contava mais de duzentos
mil exemplares vendidos no Brasil.
Imagem: Internet.
Publicado em 1979, Anarquistas, graças a Deus é o livro de estreia de Zélia Gattai e seu primeiro grande sucesso.
Filha de anarquistas chegados de Florença, por parte do pai Ernesto, e de católicos originários do Vêneto, da parte da mãe Angelina, a escritora trazia no sangue o calor de seus livros. Trinta e quatro anos depois de se casar com Jorge Amado, a sempre apaixonada Zélia abandona a posição de coadjuvante no mundo literário e experimenta a própria voz para contar a saga de sua família.
Filha de anarquistas chegados de Florença, por parte do pai Ernesto, e de católicos originários do Vêneto, da parte da mãe Angelina, a escritora trazia no sangue o calor de seus livros. Trinta e quatro anos depois de se casar com Jorge Amado, a sempre apaixonada Zélia abandona a posição de coadjuvante no mundo literário e experimenta a própria voz para contar a saga de sua família.
É assim que ficamos conhecendo a intrépida aventura dos imigrantes italianos em busca da terra de sonhos, e o percurso interior da pequena Zélia na capital paulista - uma menina para quem a vida, mesmo nos momentos mais adversos ou indecifráveis, nunca perdeu o encanto. A determinação de seu Ernesto e a paixão pelos automóveis, a convivência diária com os irmãos e dona Angelina, os sábios conselhos da babá Maria Negra, as idas ao cinema, ao circo e à escola, as viagens em grupo, o avanço da cidade e da política - nestas crônicas familiares, vida e imaginação se embaralham, tendo como pano de fundo um Brasil que se moderniza sem, contudo, perder a magia.
Exímia contadora de histórias, Zélia as transforma em instrumento privilegiado para o resgate da memória afetiva. Foi Jorge Amado quem, um dia, lendo um conto de qualidade duvidosa que Zélia rascunhava, pescou essa veia de documental. Apontou-lhe o caminho e mostrou que ela se alimentava de sua rica ascendência familiar. Surge assim a Zélia memorialista, para quem a literatura provém não tanto da invenção, mas do trato apurado da memória e do desfiar cuidadoso, mas sem melindres, da intimidade.
Em suas mãos, a literatura se torna, mais que confissão, auscultação do mundo. É tendência para o registro e o testemunho, que cimentam não só um estilo quase clínico de observar a existência, mas uma maneira de existir. Pois é da persistência do espanto que Zélia, em resumo, trata. Se Jorge Amado foi uma espécie de biógrafo involuntário do Brasil, Zélia Gattai se afirma como a grande narradora de nossa história sentimental.
Texto disponível em: https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12741
Imagem: Lp Som Livre. Rede globo.
Anarquistas, Graças a Deus é também uma minissérie brasileira homônima, produzida e exibida pela Rede Globo entre 7 de maio e 17 de maio de 1984.
Através das lembranças da menina Zélia, desenrola-se o cotidiano da família Gattai, imigrantes italianos que vieram para o Brasil perseguindo o sonho da Colônia Santa Cecília, reduto anarquista, e que viveram em São Paulo
nos anos 10 e 20, acompanhando o crescimento da cidade. A relação
amorosa com os pais Ernesto e Angelina, e o convívio com a empregada
Maria Negra, o Nonno, e os quatro irmãos mais velhos: Remo, Vanda, Vera e
Tito.
Dias Gomes
Foto: Arquivo Nacional.
Alfredo de Freitas Dias Gomes, mais conhecido pelo sobrenome Dias Gomes foi um romancista, dramaturgo, autor de telenovelas e membro da Academia Brasileira de Letras.
Imagem: Internet.
O Pagador de Promessas é uma peça de teatro escrita por Dias Gomes, encenada pela primeira vez em São Paulo pelo TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) no ano de 1960. A peça é dividida em três atos, sendo que os dois primeiros ainda são
subdivididos em dois quadros cada um.
A história se passa na cidade de Salvador, já em processo de modernização. O personagem principal, o sertanejo Zé-do-Burro, deseja levar uma grande cruz até o interior da Igreja de Santa Bárbara para pagar uma promessa e, ao longo do trajeto, sofre com as mentiras, com a corrupção e com a ganância da sociedade. É importante destacar o teor crítico e político trazido pela obra, além da discussão do respeito às diferentes religiões praticadas no Brasil.
A peça inspirou um filme homônimo, de 1962, que venceu o prêmio Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Imagem: Divulgação.
Também foi inspirada na peça de Dias Gomes a minissérie homônima da Rede Globo no ano de 1988. Concebida em 12 capítulos, a história teve que ser reeditada por imposição da Censura,
e acabou sendo exibida em apenas oito capítulos. As referências
políticas, as menções das lutas dos sem-terra e posseiros e a reforma
agrária foram suprimidas, tirando o gênese da personagem.
Imagem: Rede Globo.
Saudamos estes dois grandes autores brasileiros, cuja vida se deu especialmente em Salvador, cidade que nos presenteia com grandes literatos e grande literatura.
E você?
Leu Zélia Gattai?
Leu Dias Gomes?
Conheço a literatura de Zélia Gattai e acho ela divina, permeada por emoções, essa característica é, provavelmente, advinda da habilidade com a qual ela transportava sua origem em suas obras.
ResponderExcluirReferente a Dias Gomes, conheço "O Pagador de Promessas" em todas as formas que a obra se revelou.